hoje ao meu lado sentou um senhor muito velhinho. velhinho mesmo, desses que passam dos noventa, arcadinhos. terno cinza, boina e bengala. sentou ao meu lado sussurrando licença. abri o olho direito, sonolenta e sorri amarelo. dormi, como sempre durmo nos onibus. quando desci, também pedi licença e agradeci, assim automatico fazendo a linha educada. o velhinho entortou as pernas pro lado, liberou a passagem e sorriu paternalmente. quando eu passei me chamou de gostosa.