18.7.05

hoje fui três vezes à rua alvares penteado. cada uma delas por um motivo diferente. cada uma delas em um horário diferente. em todas as vezes que passei pelo prédio do ccbb, entre idas e vindas, vi uma pombinha, encolhida no canto, bem no canto, sozinha. no começo, antes das oito horas da manhã, ela de pé, parada, olhando pro chão ou pro nada. depois, encolhida, porém de pernas esticadas até que por fim, abaixada. isso me fez lembrar imediatamente daquele filme, símbolo de todos nós que não queremos sair da nossa adolescencia perturbada e, quando ele diz, "todo mundo morre sozinho". em uma das vezes percebi que alguém colocou ali, em frente dela, um saquinho, com algum tipo de sobra. pelo jeito ela nem mexeu. me senti fragilizada, é verdade. e pra ser muito sincera eu nem gosto de pombos. nada, nada. mas minha fixação pela amorte me atrai tanto e tanto e eu senti inveja. uma inveja assim, inversa e proporcional à que roy batty em blade runner sentia. eu e minha maldita mania das referencias cinéfilas fora de contexto. queria poder morrer assim, desligando, como se acabado a bateria. sem dor, sem nada, desligando. como os andróides louros em blade runner. como a pomba cinza e preta na calçada.
eu só tenho medo ainda da solidão.

2 Comments:

Blogger Carol said...

everybody dies alone.
bonito, não?

10:47 PM  
Blogger Unknown said...

"keine Schönheit ohne Gefahr"

11:49 PM  

Enregistrer un commentaire

<< Home